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102 ANOS DA ARTE MODERNA

Saiba mais sobre um importante evento que propôs novas formas de expressão e valorização da arte brasileira – a Semana da Arte Moderna.

O aniversário da Semana de Arte Moderna, também conhecida como a Semana de 22, refere-se a um marco do Modernismo no Brasil, importante na história cultural do nosso país. 

Essa semana ocorreu entre os dias 13 e 17 de fevereiro de 1922, na cidade de São Paulo, no Teatro Municipal. 

Portanto, estamos comemorando o aniversário da Semana da Arte Moderna, que impactou significativamente as artes brasileiras.

SEMANA DE ARTE MODERNA E O MOVIMENTO ANTROPOFÁGICO 

Artistas, escritores, músicos e intelectuais reuniram-se para apresentar novas ideias, estilos e abordagens nas diversas formas de expressão artística na Semana de 22. 

Esse movimento de origem europeia buscou uma ruptura com os padrões estéticos impostos desde o Renascimento e tinha como objetivo alcançar uma identidade cultural própria e distinta para o Brasil.

Entre os participantes estavam figuras importantes como Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Heitor Villa-Lobos, Raul Bopp e outros. 

As propostas modernistas incluíam a valorização da cultura nacional, o rompimento com padrões acadêmicos e a adoção de novas formas de expressão, mais livres e contemporâneas, como a pintura moderna, a literatura modernista e a música experimental.

O Movimento Antropofágico foi uma corrente de vanguarda que marcou a primeira fase modernista no Brasil, publicado em 1928 por Oswald de Andrade, na revista Antropofágica, é uma obra fundamental desse movimento.

O “Manifesto Antropófago” propôs a ideia de uma “antropofagia cultural”, defendendo que os artistas brasileiros deveriam se apropriar das influências estrangeiras de maneira crítica, assimilando e transformando essas influências para criar uma expressão autenticamente brasileira.

O texto polêmico e radical de Oswald de Andrade contou com diversas metáforas e simbolismos. 

Nessa publicação, surgiu o termo “antropofágico”, uma associação direta à palavra “antropofagia”, que nada mais é do que uma referência aos rituais de canibalismo. Isso porque, nesse tipo de cerimônia, acreditava-se que após engolir a carne de uma pessoa, seriam concedidos ao canibal todo o poder, conhecimentos e habilidades da pessoa devorada.

A proposta de Oswald de Andrade foi a de “engolir” as técnicas e as influências de outros países e, assim, fomentar o desenvolvimento de uma nova estética artística brasileira. 

Logo, surgiria um novo modo de “fazer arte” que contaria, a partir de então, com uma forte identidade nacional e, assim, se desvincularia da influência direta da cultura europeia.

A proposta do Manifesto era a de assimilar outras culturas, mas não copiar. A marca símbolo do Movimento Antropofágico é o quadro Abaporu de Tarsila do Amaral, que teve importância fundamental nesse Movimento, pois o nome dessa manifestação artística está totalmente relacionado à pintura “Abaporu” (que significa: homem que come gente), um quadro que foi dado de presente para seu marido, Oswald de Andrade, em 1928.

E foi dessa forma, que o artista construiu metaforicamente o termo antropofagia, cujo conceito dessa corrente aconteceu quando o artista, após realizar suas inúmeras viagens na Europa, conheceu e simpatizou com as ideias propostas de Filippo Tommaso Marinetti, o idealizador do futurismo na arte, um movimento que promoveu a tecnologia, o nacionalismo, a inovação e a modernidade.

O Movimento Antropofágico teve impacto não apenas na literatura, mas também nas artes plásticas, música e outras manifestações culturais. Ele foi uma tentativa de afirmar a identidade cultural do Brasil, rompendo com as tradições europeias e buscando uma expressão artística única e original, enraizada na diversidade cultural brasileira.

Segundo alguns pesquisadores, as propostas do modernismo chegaram ao Brasil anos antes. O escritor Oswald de Andrade já divulgava as ideias desde 1912, depois de viajar a Europa e conhecer as chamadas “vanguardas europeias”, como expressionismo, fauvismo, cubismo, futurismo, dadaísmo e surrealismo, que já propunham ruptura com a arte tradicional.

O movimento antropofágico foi essencial para a cultura brasileira. Afinal, essa expressão artística promoveu novos pensamentos e estimulou a criatividade nacional. Fez isso somando elementos externos e reinventando a arte de nosso país.

Portanto, celebrar o aniversário da Semana de Arte Moderna é reconhecer a importância desse evento na construção da identidade cultural brasileira e na transformação das artes no país e entender que a arte no Brasil se transforma a cada dia, influenciada por culturas estrangeiras, mas com a assinatura nacional, desconstruída e reconstruída pelos artistas brasileiros, formando uma cultura genuinamente brasileira. 

Portanto, em fevereiro de cada ano, as pessoas podem comemorar e lembrar esse marco histórico que teve um impacto duradouro na cultura brasileira.


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